Quando nasce um bebê, qualquer que seja a sua condição, o mundo inteiro se vira para a criança e se esquece de olhar para a mãe, a mulher em sua nova condição.

Existe diferença entre nós, mães de todos os filhos?

Mães de filhos nascidos de parto natural ou cesárea, filhos comuns ou não, prematuros, intelectualmente deficientes, cardiopatas, sindrômicos ou com qualquer outra má formação congênita?

Ninguém parece querer saber o que se passa pela cabeça e pelo coração dessas mães quando o bebê que têm em seus braços não é aquele com quem sonharam a vida inteira. Não importa se elas se sentem frustradas ou impotentes, muito menos se a única coisa que desejam é só um ouvido que as ouça.

Já que são adultas, teoricamente bem resolvidas e independentes, a única opção que têm diante da maternidade que a elas se apresenta é engolir o choro e tocar o barco.

Mães sofrem, choram e questionam o presente que a vida lhes impõe para que consigam digerir o futuro que têm pela frente.

Mães precisam de alguém que as ouça e não se escandalize com o que têm a dizer nesse momento de dor e de perplexidade, ouvidos livres de qualquer juízo de valor.

Mães precisam de mães. Mães como eu e você.

Muitas vezes a vida as chama para darem conta de coisas antes inimagináveis.

Noites e noites mal dormidas, sonhos mal sonhados, realidade difícil de engolir. São tempos de questionamento e de briga com o universo e com a própria vida.

Não importa a realidade em que vive, mãe que é mãe está sempre em busca de outros sonhos para sonhar a fim de que o dia-a-dia seja menos difícil. Mães não querem outros sonhos para sonhar por serem ingratas por natureza mas, sim, porque ter outros sonhos implica outras possibilidades de existência, muitas outras oportunidades de desenvolvimento e crescimento.

Os desafios podem ser diferentes, mas as expectativas precisam ser reais para que essas mães não se transformem em mulheres chatas que vivem de frustração em frustração, como se o mundo fosse responsável por todas as suas infelicidades; mulheres tristes e amargas porque não tiveram a oportunidade de aprender que a vida descortina pequenas belezas e alegrias nas menores coisas do dia.

Acredite, sabemos que há momentos em que tudo parece difícil demais e que a única vontade que se tem é de sair andando sem ohar para trás.

Por isso existe o projeto de acolhimento familiar do Empathaie, “Ouvindo com o Coração”.

De uma maneira ou de outra, já estivemos no mesmo lugar em que essas mães se encontram. Entendemos que a única coisa que se quer nesse momento é sentir o abraço apertado e o toque amoroso de alguém e, ao olhar no fundo dos seus olhos, ter a certeza de que, como elas, essa pessoa já esteve no lugar em que hoje se encontram.

Sabemos que caminhar pode ser difícil, que o futuro se mostra ameaçador e que, mesmo muito bem acompanhadas, existe a sensação terrível de solidão e abandono.

Nosso objetivo é caminhar com essas mães, não importa em que parte do caminho estejam.

E, por mais difíceis e escuras as coisas pareçam estar, nós acreditamos que a tempestade vai passar e, de uma forma ou de outra, vai ficar tudo bem!