Ser mãe de prematuro é ser pega pela surpresa e o desespero.
É não segurar seu filho nos braços quando nasce. É olhar pela incubadora. É sentir a sua crise pela ponta dos dedos esterilizados com álcool gel.
Ser mãe de prematuro é ser viciada no monitor. E ver seu filho respirando por aparelhos com sensores medindo o que há de vida na sua criança. São os benditos 88% de saturação.
É tirar leite na máquina. É ver o leite entrando pela sonda. E torcer para a quantidade aumentar a cada dia.
É ter paranóia com o processo ganha/perde peso de peso diário. Num dia ganha 10g e no seguinte perde 15. Isso é um desespero.
É se incomodar com as aspirações e manobras, mas saber que é um mal necessário. É ver picadas e mais picadas para exames e não respirar enquanto o resultado não aparece. É chegar ao hospital com o estômago em cambalhotas com medo do que vai ouvir do pediatra
Para ser mãe de UTI tem que virar pedinte e mendigar todo dia por uma boa notícia. Mesmo que seja a bendita palavrinha “estével” – significa que não melhorou – mas também não piorou.
E não se esquecer o cocô e o xixi de cada dia. Sinal de que não tem infecção.
Mãe de Prematuro também tem rotina. UTI-casa-UTI de segunda a segunda. Sem descanso. E como é possível descansar?
Para ser mãe de UTI é preciso muita fé.
Porque na hora do desespero é você e Deus. É joelho na chão da UTI para pedir milagre, ou pedir que acabe o sofrimento. Haja fé. É só com fé.
É ser a Rainha da Impotência por ver a dor e o sofrimento do seu bebê e simplesmente não poder fazer nada. Só confiar.
É bater papo com seu filho através da incubadora. E ter lágrimas escorrendo pelo rosto todo dia por não poder sentir seu cheirinho e beijar seus cabelos.
Mas, ser mãe de prematuro é superação, é ter história para contar. É entender de um monte de doenças que ninguém imagina que existe.
É contar o tempo de um jeito diferente. Idade cronológica e idade corrigida. É difícil de entender.
É sair da UTI com festa e palmas. E deixar por lá amigos eternos e preciosos.
Ser mãe de prematuro é ter medo do vento, da bronqueolite, do inverno e do hospital.
Toda a mãe é um ser guerreiro por natureza. Mas, a mãe do prematuro precisa ser guerreira em dobro. E isso nos difere ao mesmo tempo que nos iguala.
Lutadoras, perseverantes, resilientes, frágeis a ponto de desabar a qualquer momento, mas com uma força absurda. Uma força que talvez venha de um útero vazio antes do tempo.
Assim são as mães dos bebês que nascem antes….
Desconheço o autor