“A habilidade é propulsora para que se possa exigir direitos” Dra. Maria Aparecida Gugel
Passei os últimos três dias participando do VII Congresso Brasileiro sobre a Síndrome de Down. Foram dias intensos, de muito aprendizado e trocas de experiência.
Mas, se você ja me conhece pelo menos um pouquinho, sabe que foram dias de muito questionamento e de também “pensar fora da caixa”.
Não, não tenho filhos com deficiência. Não, não trabalho com pessoas com deficiência.
Sou mãe.
Mãe como você. Tenho os mesmos anseios e as mesmas inseguranças que você.
Questiono, constantemente, meu papel, minha função e até a minha presença. Tenho certeza que ser mãe é muito bom. Mas, também sei que, em alguns momentos, ser mãe é difícil demais.
Em Curitiba falou-se em inclusão o tempo todo. Inclusão na escola e no trabalho. Inclusão na vida.
Mas, para incluir, muita coisa ainda precisa ser feita.
Famílias precisam ser acolhidas, como qualquer outra família o é, na hora em que um bebê com deficiência chega. Há estereótipos, mitos e muito preconceito a serem trabalhados para que a família venha a ser reidealizada.
O bebê precisa ter acesso a programas de saúde eficientes e eficazes para que seu desenvolvimento possa ser o melhor possível.
O sistema educacional precisa deixar de pensar só em desempenho e valorizar competências ao invés de competitividade. E, cá em nós, competências todos temos. E é justamente por isso que cada um exerce uma função e ocupa o seu lugar na nossa sociedade.
O mercado de trabalho precisa tomar posse da sua função que também é social.
Mas, sabe do que senti falta?
Ninguém falou em preparar esses meninos para a vida.
Ninguém falou em como capacitar para o trabalho.
Ninguém falou em competências
Mas falou-se em ocupar lugares com legitimidade o tempo todo.
Só não se lembrou que legitimidade não se impõe, conquista-se!
Texto: Monica Xavier
Imagem: Pexels