O ano que está terminando foi um ano particularmente difícil.
Na verdade, as coisas foram difíceis desde 2015.
Foram várias tentativas de suicídio de um dos meus filhos, um câncer na pele branquinha do meu marido que foi seguido por um esgotamento – o famoso burn out, e a cereja do meu bolo foi sua demissão 2 dias após a alta hospitalar, em dezembro de 2015, quase véspera de Natal. E, nesse meio tempo, abri mão da ONG da qual fui co-fundadora.
Foi assim que comecei 2016. Literalmente olhando para o alto e perguntado de onde me viria o socorro.
Não, não vou escrever um texto recheado com “ai que dó de mim”!
A vida é feita de opostos. E aprendemos com eles.
Aprendi que não sou responsável pelas escolhas de um filho já adulto, mas, sou suficientemente resistente para aguentar o tranco. Aprendi que não dá para ser como Hércules e carregar o mundo nas costas e que há Alguém disposto a carregar o meu mundo por mim.
Entendi que nem sempre um diagnóstico difícil de engolir é o fim do mundo e que viver um dia de cada vez é a melhor lição que a vida tem para nos ensinar. Pena que parece que fazemos questão de faltar nessa aula.
Descobri que se não dermos o tempo que nos é devido o corpo e a mente vão cobrar de nós, que não somos invencíveis e muito menos insubstituíveis. Pelo contrário, somos quase que descartáveis, o que é muito triste. O ser humano é egoísta e complicado, mas o Pai que nutre os frágeis passarinhos prometeu garantir o nosso sustento. Aprendi a literalmente não me preocupar com as perdas e descobrir que o Eterno é quem satisfaz cada uma de nossas necessidades.
Aprendi a duras penas que quem realiza os sonhos que sonhei sou eu e não quem quis pegar carona no bonde andando, que leva tempo e que as coisas acontecem quando têm que acontecer se eu pedir ajuda às pessoas certas, na hora certa.
E foi assim que esse ano passou, meu filho melhorou, o câncer foi pontual e o desemprego, que durou 11 meses nesse tempo de instabilidade econômica que nosso país vive deu lugar a um baita exercício de fé.
Mesmo com o dinheirinho super contado pudemos fazer supermercado para nós e para outras famílias que precisavam muito mais do que nós, não faltou medicação, não faltaram água, luz ou gas, o trabalho do Empathiae deslanchou com a contribuição financeira de amigos queridos que bancaram hospedagem do site, material de artesanato para o grupo de mães, um ou outro material de divulgação e gasolina para o carro. Ganhamos banners lindos, marcadores de livros que eu nunca imaginei mandar fazer. Pedir doação para 20 brinquedos e ter o pedido atendido em menos de 36 horas foi simplesmente mágico!
Então, sem essa de querer natal o ano inteiro porque a vida não é feita só de festa mas, temos muito o que festejar!
Texto: Monica Xavier
Imagem: Pexels