O nascimento de um bebê inesperado é de uma dificuldade incrível para seus pais.
Ninguém planeja e muito menos espera receber um bebê com deficiência, não importa qual seja ela.

Não sei explicar os porquês: porque há bebês com deficiência, bebês prematuros ou bebês cardiopatas.
Não sei porque alguns bebês “vingam” depois de incansáveis lutas nas UTIs neo-natais e porque também,depois de tanta luta, muitos pais voltam para casa para seus berços vazios.
Como dizia o Rev. Antônio Elias, “um dia eu vou perguntar”!
Nossa responsabilidade é única e exclusivamente ouvir e entender esses pais nos seus momentos de deserto e caminhar com eles para que encontrem muitos outros sonhos para sonhar.
Sabemos que a tempestade passa, que o sol volta a brilhar e que, de uma forma ou de outra, fica tudo bem.

O que eu não admito são pessoas que se dizem pastores e líderes religiosos (isso mesmo, com letra bem minúscula) que prometem cura para o incurável.
Não se brinca com a esperança alheia, ela é o maior bem que alguém tem na vida.
Não se justifica o injustificável usando o pecado original para explicar a diferença, muito menos a deficiência.
Que direito esses fake líderes têm de prometer a cura para a síndrome de Down, o autismo ou qualquer outra situação genética que se apresenta, se Deus permitiu que isso acontecesse lá no início da gestação?
Pior ainda é justificarem o “não milagre” á falta de fé desses pais: ou oraram pouco, colaboraram pouco ou tiveram pouca fé.

Meu Deus…. que Deus é esse que pune e se esconde dessa maneira? Que Deus é esse que deixa de ser misericordioso quando mais se precisa dEle?
Não é esse Deus em quem acredito.

Acredito em um Deus que cura, não a deficiência, mas, a tristeza que invade a alma quando a vida muda o trajeto. Um Deus que traz esperança quando a vida parece não ter sentido. Um Deus que acolhe e sustenta quando tudo a nossa volta parece querer desabar.
Já passou da hora de se aceitar a diversidade. Olhem com misericórdia para as pessoas que em algum momento da vida se entristecem e que precisam questionar o presente que a vida lhes impõe para entenderem o futuro que têm pela frente.
Se não, Gandhi terá cada vez mais razão quando diz que o único problema do cristianismo somos nós, os cristãos.
Que Deus nos livre de gente como vocês!

Texto de Mônica Xavier

Photo by Ben White on Unsplash