“Mãe ama a todos os filhos igual, mas ama um pouco mais aquele que precisa mais dela em determinado momento”.

Tenho me questionado bastante em relação a essa frase,. 
Será que quando usamos uma forma de pensar como essa não estamos justificando nossa falta de cuidado para com os outros filhos?
Nossa quase que omissão?

O “outro filho” é forte, é independente e auto suficiente.
O “outro filho” dá conta e entende o que está acontecendo. O “outro filho” é maduro.
Acredito que hoje eu não pense mais assim. E, talvez, esteja cheia de culpa por ter pensado assim por tanto tempo.
É, se tem uma coisa que mãe sabe bem como fazer é se sentir culpada….

Tenho 3 filhos já adultos. Cada um tem suas questões, um deles tem tido mais questões que os outros dois nos últimos 10 anos.
Sem querer, a vida gira em volta desse um. Atenção, cuidados, orações no pé da cama, idas e vindas a médicos, médicos, tratamentos e remédios que muitas vezes custaram bem mais do que podíamos pagar.

E os outros dois como expectadores. Fortes. Bem resolvidos. Independentes. Encaminhados na vida. Maduros.
E machucados.
Machucados pela minha ausência.
Machucados pelo meu cansaço.
Machucados pela minha impaciência.
Machucados pela minha irritação.

Tem uma frase do Neruda que diz assim: “se sou esquecido, devo esquecer também. Pois amor é como espelho. Tem que ter reflexo.”
Quando dou o “outro filho” por garantido eu o estou esquecendo.
Esqueço seus medos, seus anseios e suas inquietações. Esqueço suas fragilidades.
E, se ele se esquecer do amor por não mais se reconhecer no meu espelho, talvez seja tarde demais para resgatá-lo.